GEOPLANEJAMENTO - geografia educação meio ambiente

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

60 anos de catástrofes registradas

Em 1949, Hilgard O’Reilly Sternberg, professor da antiga Faculdade Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro, publicou um estudo bem elaborado sobre um episódio de chuvas torrenciais ocorrido em dezembro do ano anterior na Zona da Mata de Minas Gerais, e que desencadeou um processo de desestabilização generalizada em toda a área. Inundações, avalanches de lama, assoreamento de vales e, formação de voçorocas, além de vários danos à economia e aos estabelecimentos humanos foram as pesadas consequências daquela catástrofe natural, a qual poderia, contudo, ter sido atenuada se no processo de ocupação tivessem sido observados critérios mais racionais, conforme demonstra o autor em seu trabalho (STERNBERG, 1949). 
Durante três dias (15,16,17 dezembro de 1948), a região situada à margem do rio Paraíba do Sul e abrangida por um triângulo, com vértices nos municípios de Além Paraíba, Leopoldina, e Pirapetinga em Minas Gerais foi assolada por precipitações violentas, tendo um dos pluviômetros (o de Volta Grande) sido destruído pela própria enchente. Baseado nos indicadores ambientais exibidos após a calamidade, o autor estima que a área nuclear deve ter sido castigada por mais de 400 mm de precipitação em apenas 24 horas. O número de vítimas fatais chegou ao espantoso número de 250.”
Conti, José Bueno. Resgatando a fisiologia da paisagem. Revista do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, n. 14, p. 61-62, 2001.
O trecho acima do autor José Bueno Conti, em 2001, revelava a instabilidade dos terrenos brasileiros, principalmente na costa leste, problemas esses que já em 1949, eram registrados através dos estudos de Sternberg. De lá para cá, meia década se passou e os mesmos problemas são registrados por toda a costa brasileira, uma área tectonicamente instável, com constantes deslizes causados não somente pela ocupação ilegal, desenfreada e inadequada, no topo e no sopé das vertentes, mas também por processos naturais, águas das chuvas e a própria instabilidade devido aos movimentos coletivos do solo.
Até aí já conhecemos, há a geologia, os perfis de solos, limites de saturação, sabemos que as áreas, uma vez ocupadas, oferecem grandes riscos, mas o que impressiona nas tragédias que anualmente se repetem no Brasil é o descaso do poder público que se omite diante dos fatos.Tal omissão começa na legislação, pois o país possui milhares de leis ambientais, mas nenhuma cumprida de fato com relação às áreas de ocupação, nada é fiscalizado, a começar pelas florestas que estão sendo convertidas em áreas luxuosas, e a terminar pelos rios e vales, onde a população se instala em massa.
No plano das esferas governamentais não há esforços, não há políticas reais de habitação, digo real porque os programas que conhecemos estão longe da realidade de uma gigantesca parcela da população, aqueles que recebem salários mínimos, e que são milhares, não participam de programas, pois a renda necessária não contempla essa parcela. O que resta à população então, senão ocupar aquilo que mesmo sem qualquer infraestrutura, de certa forma oferece “um abrigo”, e o que muda em 60 anos desses registros?
Ano – População
1940 – 41.236.315
1950 – 51.944.397
1960 – 70.191.370
1970 – 93.139.037
1980 – 119.002.706
1990 – 146.352.150
2000 – 169.544.443
A população brasileira praticamente quadruplicou, somávamos em 1950 um total de 51.944.397 de habitantes, hoje, após o censo, registramos 190.732.694 milhões de pessoas (IBGE, 2010), a maioria vivendo na costa leste, desde o norte até o sul do país.
Diante dos dados apresentados, não se registram políticas que acompanhem o crescimento populacional, e nem é feito planejamento adequado e que garanta urbanidade à população.
O senso comum definiu a paisagem como uma área natural, como natureza, e com toda a razão o conceito é esse, mas as formas de ocupação e o poder de transformação humano redefiniram o conceito de paisagem para a geografia, hoje definida como uma associação de elementos naturais e humanos, o homem transforma a natureza, mas não detém poder sobre ela, e essa velha máxima prevalece.
Aspecto da Serra do Itapeti, ao fundo, região de Mogi das Cruzes SP: a paisagem delimita o vale presente entre o sopé de duas vertentes denunciando a presença dos mares de morros. Fotos Gomes, 31/11/2008



O corte na vertente e as clareiras com terra exposta revelam a dinâmica das vertentes e os movimentos coletivos de solos na Serra do Japi, região de Jundiaí - SP. Fotos Gomes, 31/11/2008.




A própria construção de estradas cortando o interior de SP demonstra o poder humano de interferência na paisagem. Na foto exposição de rochas alteradas e formação de solos. Fotos Gomes, 31/11/2008.


A exposição do solo em curvas de nível à esquerda diminui a velocidade das águas das chuvas interrompendo o processo acelerado de erosão nas vertentes, o que acarretaria uma maior perda de solo e consequente deslize de terra a caminho de Parateí - SP. Fotos Gomes, 31/11/2008.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Fuvest 2011 Geografia comentada

A FUVEST 2011 trouxe uma versão de prova extremamente fácil e sem maiores problemas, exceto pelo gráfico um pouco confuso na questão de número 65. A maioria das questões envolviam assuntos discutidos em diversas postagens no blog durante o ano de 2010, principalmente em relação ao relevo, silvicultura e condição brasileira de exportador de primários.
Questão 60
A questão abordava uma ilustração de uma forma de relevo brasileira conhecida como chapadas e exigia do candidato conhecimentos referentes a esse relevo. Sobre as chapadas é correto afirmar que são planaltos desgastados pela erosão, geralmente em terrenos de rochas sedimentares e distribuídos pelas porções nordeste e centro-oeste do país. A característica é apresentar o topo aplainado como uma mesa evidenciado pelo processo de erosão que desgasta de forma homogênea a parte superior. O mesmo não acontece em terrenos cristalinos, onde a erosão costuma contribuir para formações arredondadas, as chamadas colinas como é comum nas porções atlânticas do país, o relevo conhecido como mares de morros.
Resposta a – o relevo está distribuído no norte e centro-oeste, em terrenos cristalinos moldados pela ação dos ventos. 
Pelo menos três equívocos marcam esta opção, os terrenos amazônicos da região norte são em sua maioria depressões e planícies e não chapadas, os terrenos não são cristalinos na sua totalidade, são sedimentares já que a região trata-se da bacia amazônica havendo acúmulos de sedimentos nas depressões, e por último, o terreno não é moldado pelos ventos, já que o grande agente que molda o relevo da região é a ação das chuvas, erosão pluvial
Resposta b – o relevo está no litoral sul resultado da ação das águas do mar sobre rochas sedimentares
As chapadas são feições de relevo exclusivos do centro-oeste e nordeste do Brasil, enquanto que a região sul ocupa terrenos que partem da depressão periférica presente no sudeste, planaltos e planícies litorâneas. Quanto à forma de erosão, nessa região do país atua a erosão fluvial marcada nas rochas pelo trabalho dos rios e erosão pluvial, trabalho das águas das chuvas desgastando as rochas mistas entre cristalinas nos planaltos e sedimentares das áreas depressivas
Resposta c – o relevo concentra no sul e sudeste pela ação das chuvas em terrenos cristalinos
O equivoco está nas áreas de concentração, apenas centro-oeste e nordeste, já ação das chuvas em terrenos cristalinos é características dos relevos de mares de morros, onde as rochas adquirem feições de colinas acima enquanto a erosão fluvial trabalha os rios abaixo.
Resposta d – o relevo está presente no litoral norte e nordeste associado à erosão em planaltos sedimentares. 
Nesse caso, a região norte comporta planícies e depressões, as poucas áreas de planalto, Planalto das Guianas não possuem características de chapadas
Questão 61
Nessa questão foram exigidos conhecimentos sobre o desenvolvimento da região do Vale do Paraíba, entre as afirmações, as únicas corretas estão associadas:
  • À pecuária leiteira que substitui a economia do café no período atual, em função das baixas nos solos pela extensa exploração, além de um mercado não mais tão competitivo, embora ainda praticado
  • À paisagem do Vale do Paraíba que está associada ao relevo de mares de morros, pela sua localização na porção atlântica do país, relevo de colinas em terrenos cristalinos erodidos pela ação dos agentes externos, principalmente trabalho fluvial, também presentes em São Luiz do Paraitinga
  • À localização do Vale do Paraíba que está entre São Paulo e Rio de Janeiro também contribuindo para o estabelecimento de indústrias na região, acesso também a outras cidades importantes na economia do sudeste como São José do Rio Preto, importante pólo tecnológico do país
Respostas a/d/econtém o item concentração de hidrelétricas no Vale do Paraíba
As opções equivocadas estão por conta da presença desse item que trata o Vale do Paraíba como região que concentra as maiores hidrelétricas do estado. O estado de São Paulo concentra grandes hidrelétricas, mas nas divisas com os estados do Sul e centro-oeste, onde o relevo apresenta altitude importantes para o fornecimento de energia, o mesmo não cabe na região do Vale do Paraíba, marcada por relevo depressivo esculpido pelo rio Paraíba do Sul
Questão 62
Nessa questão foram abordados conhecimentos sobre os domínios morfoclimáticos brasileiros, entre eles, o domínio das Araucárias, onde a única questão correta é a questão que indicava a urbanização e processos de exploração de madeiras como devastadores da floresta, hoje, com percentual em torno de 3% a 5%. Também conhecida como Mata de Pinhais ou Floresta Ombrófila Mista, o domínio constitui os pinheiros e as araucárias, excelente madeira pelo porte e fonte de celulose. Embora no passado a extração da floresta estivesse ligado à indústria moveleira, hoje, e principalmente nos Estados do Sul que reposndem pela alta fabricação do papel, os remanescentes florestais estão ameaçados pela silvicultura, florestas plantadas que abastecem as indústrias de papel e celulose.
Resposta bexpansão de parreiras associadas aos remanescentes de araucárias. 
Totalmente equivocada, pois a questão tratava de condições de devastação das araucárias, como a mata foi reduzida e essa opção tratava as araucárias já como remanescentes não trazendo opções de devastação
Resposta co domínio foi devastado para dar origem à ovinocultura e avicultura. 
Equivocada em função de a devastação ser para abastecer a indústria madeireira e moveleira, além da criação de espaços para a ocupação humana
Resposta d a prática da silvicultura possibilitou a expansão desse domínio morfoclimático. 
A opção possui dupla interpretação, mas ambas erradas. A expansão do domínio em questão pode ser entendido como expansão da silvicultura, mas a silvicultura não é domínio morfoclimático, então só resta pensar que a expansão é das araucárias, mas a própria questão fala da devastação e não da expansão da floresta, então a opção está totalmente errada
Resposta e – a arenização no sul devastou as araucárias. 
Está equivocada, pois a arenização é um problema ambiental recente enquanto que a devastação das araucárias ocorre desde o inicío do século acompanhando os processos de ocupação humana na região
Questão 63
A questão exigiu conhecimentos da silvicultura, florestas plantadas no Brasil. Sobre a questão estão corretos os itens que tratam  sobre os maiores estados produtores, São Paulo e Paraná, já observados no gráfico e o item que fala dos avanços do plantio para os Estados da Bahia e Espírito Santo associando à devastação da Mata Atlântica.
Respostas c/d/e – ambas as opções trazem a falsa ideia de que a região sul produz silvicultura em pequenas propriedades, o que é uma inverdade, visto que as áreas respondem por grandes hectares plantados.
Resposta a – traz somente como correto o fato de a produção estar centrada em São Paulo e Paraná, mas também a opção de que há expansão para os territórios da Bahia e Espírito Santo está correta e junta-se a essa. 
Questão 64
A questão trata dos processos de descentralização e desconcentração das indústrias da região metropolitana de São Paulo para outras cidades no interior e até para outros estados. Todas as alternativas estão corretas, o processo de mudanças na localização industrial está ligado aos problemas que as indústrias enfrentam com relação à circulação das mercadorias na capital e também às organizações trabalhistas presentes, fatores esses que culminam com a diminuição da empregabilidade na região. Outros fatores relacionados são a competição fiscal entre os estados, diminuição e até isenção de impostos, e ofertas de terrenos para a construção das indústrias.
Respostas a/b/c/d - todas as alternativas I-II-III estão corretas e só aparecem na letra e, as demais letras apresentam entre uma ou duas alternativas como corretas
Questão 65
A questão exigiu conhecimentos de matriz energética apresentada em um gráfico que trazia alguns dos maiores produtores em determinados setores energéticos não citados. A questão está confusa, pois havia diversos dados, onde exigiu maior tempo para solucionar a questão. O candidato deveria indicar entre Brasil, EUA, China e Índia, quem liderava a produçao energética de pelo menos três desse elementos, carvão mineral, fontes renováveis, gás natural, petróleo. Na primeira coluna a produção maior era a dos EUA, no caso entre todos os outros, o país lidera a produção de gás natural, embora não sejam os maiores produtore mundiais responde pela maior produção entre esses países. Na sequência uma outra oferta de energia apresentava a China como o maior produtor seguido da Índia, nesse caso a opção energética é carvão mineral, que é maior produção chinesa no globo. Em uma última coluna, a maior produção trazia o Brasil como líder, e nesse caso, entre os outros países citados, o Brasil responde pela maior oferta de energia proveniente de fontes renováveis, como biogás, biomassa, energia eólica, entre outros.
Respostas a/c/d/e - estão incorretas, pois associam aos EUA a maior oferta de petróleo, fontes renováveis ou carvão mineral, quando a maior oferta é a de gás natural
Questão 66
A questão averiguou dos candidatos conhecimentos relacionados à geopolítica atual através da interpretação de um gráfico. Sobre a geopolítica cabe considerar que vivemos um período multipolar, com varias nações exercendo influência no contexto global, mas entre outros deve-se considerar que as nações emergentes, Brasil, China, Índia, mais precisamente o bloco sul, representam resistência aos comandos norte-americanos. Sobre a tríade, representada no gráfico pelos EUA, Europa e Japão, trata-se dos países mais desenvolvidos do mundo, na Europa principalmente a Alemanha.
Resposta a – potências do sul lideradas por Brasil e Índia. 
Não há essa liderança, ambos os países do gráfico devem ser interpretados como países emergentes, não como liderados
Resposta bmundo unipolar sob comando americano, principalmente no hemisfério sul
Não existe essa interpretação, pois o mundo vive um período multipolar, além do fato de haver repulsa desses países aos comandos norte-americanos
Resposta c – potências militares sob liderança de Brasil e Índia
Não há essa interpretação, pois não há a liderança para essa região
Resposta e – países do hemisfério sul sob tutela dos EUA
Não há tutela dos EUA, ambos os países repudiam investidas americanas
Questão 67
A questão tratava dos investimentos chineses no Brasil. Sobre a questão a única alternativa correta é alternativa que trata a China como um grande investidor no Brasil por conta das culturas da soja e exportação de minério de ferro lembrando que o Brasil é um grande exportador de produtos primários e como já mencionado no blog, anteriormente, o Brasil destrói seus solos em função das culturas plantadas para exportação e que correspondem a uma grande fatia do PIB nacional.
Resposta binvestimentos originados pela falta de mão-de-obra qualificada na China
Essa opção não tem haver com a questão
Resposta cNegrito – investimentos pela necessidade da China expandir o campo pesqueiro. 
Errada, pois a China atua na produção mundial de carne bovina e para tanto, compra a soja produzida no Brasil com investimentos chineses para alimentação de seu gado
Resposta d investimentos na produção pecuária. 
Errada, pois os investimentos são para a produção de soja, e a China já é um dos maiores produtores de carne assim como o Brasil, não mantendo esse tipo de investimento aqui
Resposta e – legislação trabalhista brasileira flexível atraindo investimentos. 
Errada, pois a legislação brasileira, no geral, com a presença de sindicatos, protege o trabalhador da exploração, diferentemente do que acontece na China
Questão 68
A questão 68 exigiu conhecimentos cartográficos através dos cálculos das distâncias apresentadas entre algumas cidades palco da copa de 2010 na África. A escala apresentava cada centímetro do mapa correspondente a 70.000.000 de centímetros no terreno, ou seja 700 km. O candidato deveria efetuar cálculos entre determinadas cidades, sendo Johannesburgo e Porto Elizabeth, por exemplo, distantes no mapa por 1, 5 centímetros, a distância real equivale a 1050 km, já que 1 cm corresponde 700 km somados a mais 0,5 cm que corresponde a 350 km.
Respostas a/b/d/e - a única opção correta é a opção c que apresenta a distância de 1050 km entre Johannesburgo e a cidade de Porto Elizabeth, todas as demais não apresentavam essa  quilometragem, além dos demais cálculos estarem em ordens inversas ou errados
Questão 69
A questão trazia o mapa da distribuição de malária no mundo. A única afirmação aqui é de que a concentração está na região da África Subsaariana em função da localização na faixa tropical, de grande insolação, além do fato da pobreza assolar o continente, principalmente essa região abaixo do deserto do Saara.
Resposta aÍndia e Indonésia erradicaram a malária através do crescimento econômico
Errada, ambos os países embora de economias crescentes não erradicaram problemas que afetam a população
Resposta b o clima tropical prolifera a doença no Peru, Chile e Colômbia. 
Pela interpretação do mapa, ambos os países não são alvos de alto risco da doença
Resposta c - A concentração da malária no nordeste do Brasil relacionado ao saneamento
Errada, pois o nordeste não concentra essa doença, pois o clima semi-árido com baixa incidência de chuvas e de rios temporários colabora para o baixo índice
Resposta d – na Amazônia a doença foi erradicada. 
Errada, pois a doença não foi erradicada, há um médio índice mostrado pelo mapa e a região favorece a proliferação da doença. Os índices são baixos em função do controle até certo ponto brasileiro, além do baixo índice populacional na região 

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Experiências chilena e as práticas no Brasil

Os recursos naturais dizem respeito à captação de recursos da natureza, onde durante a história da humanidade, foram atribuídos valores de uso. Entre os recursos estão o carvão mineral, o petróleo, o ouro, prata, diamante e minérios metálicos como o níquel e ferro, que adquirem maiores valores depois de trabalhos e transformados pela indústria. Encaixa-se nesse padrão também a água, recurso natural renovável.

Os acontecimentos na mina de San Jose no Chile revelam a necessidade da regularização e regulamentação da exploração de minérios. Tal fato demonstra como a política de extração de minérios é falha e envolve diversos aspectos negativos que vão desde o trabalho humano até os diversos impactos ambientais relacionados à atividade mineral. Infelizmente muitos países dependem dessa extração e exportação, mas não conciliam o trabalho com questões relacionadas ao social e ao meio ambiente.

Conflitos com indígenas
Os impactos causados vão desde a exploração, captação, armazenamento e transporte, além dos impactos trazidos com os subprodutos adquiridos após a transformação, como por exemplo o plástico, subproduto do petróleo, um dos maiores poluidores do meio ambiente pela difícil tarefa da natureza de decompo-lo. No Brasil esse impacto começa na exploração, de forma geral acompanha conflitos com indígenas pela exploração em suas terras, como em Eldorado dos Carajás. Ao observamos grandes áreas de exploração notamos que as principais ao mesmo tempo que são as que mais ofertam minérios, ainda que não explorados, estão em territórios indígenas.

Devastação de florestas
A exploração consiste na extração da parte vegetal que recobre as terras e as rochas, essas, objeto de exploração dos minérios. As áreas de exploração, no Brasil, são os maciços antigos, escudos cristalinos que abrigam os minérios metálicos e as bacias sedimentares, que abrigam minérios energéticos como o petróleo e o carvão. Tanto os escudos como as bacias compõem importantes paisagens como as chapadas e a planície amazônica, ambas abrigando importantes domínios como o Cerrado, o Pantanal e a Amazônia.

Poluição dos recursos hídricos
Durante a exploração elementos químicos como o mercúrio, poluente, podem ser liberados e contaminar os corpos hídricos. A bacia amazônica compõem diversos e importantíssimos rios assim como a bacia do São Francisco onde seus principais afluentes advém dos rios originários no Cerrado.

Destruição de fauna e flora
Além dos recursos hídricos, há toda uma fauna que se beneficia desse sistema hídrico que uma vez inapropriado pode causar destruição total também da flora. Os peixes são atingidos de forma direta e a bacia amazônica representa uma importante fonte de renda e recursos para a população local, principalmente indígenas. Há que se considerar a fauna que se aproveita dos peixes e das águas.

Trabalho escravo
O trabalho que deve ser feito com relação à exploração mineral não diz respeito somente ao impacto ambiental causado, mas também ao impacto social, uma vez que há diversas pessoas sendo empregadas de forma ilegal, com baixos salários, muitas vezes trabalhando de forma escrava, com riscos à saúde, já que a liberação de determinados elementos trazem o risco do desenvolvimento de câncer.

Não houve na história recente do homem qualquer progresso técnico que elevasse o nível de vida de sua população sem que danos fossem revertidos ao meio ambiente, daí a insistência das "grandes nações" em frear o desenvolvimento de países menores contando a todos historinhas como a do aquecimento global. Não existe desenvolvimento sem impactos, por menores que sejam, sempre vão estar lá, a curto, médio e longo prazo, na natureza e também na vida cotidiana.

A que se sustentar o fato de que muitas dessas explorações poucos são fiscalizadas e não possuem autorização de funcionamento, em vias de fato é uma prática geral, não só no Chile, mas também no Brasil e na África, grande exploradora de carvão e diamantes. Temos a necessidade de rever tais práticas por aqui já que o país é um grande explorador de minérios, pois os problemas como mostrados não decorrem somente de soterramentos no interior da Terra.

sábado, 11 de setembro de 2010

O Materialismo de Marx e o fetiche da mercadoria

Estrutura e Superestrutura

A Estrutura é definida por Marx como sendo a base material da sociedade e sendo formada pelo conjunto das relações de produção valendo para qualquer sociedade em qualquer tempo histórico. A base material não é acumulação, e sim, a constituição das economias, a relação material das sociedades sendo o principal para compreendê-la compreender a relação de produção.

A Superestrutura é definida como sendo o conjunto das relações políticos, jurídicos e ideológicos de uma determinada sociedade em qualquer tempo histórico, mas se apresentando de forma diferente para cada sociedade, seja ela feudal ou capitalista.

Podemos estabelecer uma relação entre esses dois domínios, pois para Marx, toda e qualquer sociedade deve ser entendida como Estrutura e Superestrutura em qualquer tempo histórico. A Superstrutura sempre vai ter relação de dependência com a Estrutura, pois é definida por ela e tem a sua base compreendida nas formas jurídicas, ideológicas e políticas.

Alienação

A alienação do homem em relação ao trabalho é definida por Marx, como o homem estando convertido dentro da produção industrial capitalista. O trabalhador perde o poder e se transforma em mercadoria que produz outra mercadoria e não decide sobre a máquina, técnica ou horas. Ele está alheio em relação ao processo de trabalho perdendo o poder de autônomo, está alheio a sua vida, pois tornou-se um objeto.

Outras formas de alienação do homem identificadas por Marx estão ligadas a alienação ao produto, quando o homem entrega sua produção que tem valor econômico ao invés de se apropriar; a alienação em relação ao fetiche da mercadoria, quando vive as relações de produção sob a forma de mercadoria em equivalência ou quantidades ocultando a produção social que é explorada, e ainda, a alienação do homem em relação ao ser, quando a coisa criada por ele passa a valer mais que a sua própria existência.

Materialismo

O Materialismo corresponde a diferentes tipos de sociedade e diferentes modos de produção, referindo-se a forma como se dá cada produção de vida material, vida econômica e relações de produção que envolvem apropriação dos meios de produção. O Materialismo Histórico corresponde a teoria marxista tendo como objetivo a análise das transformações materiais na sociedade onde se situa a luta de classes como circunstâncias históricas. O Materialismo Dialético diz respeito ao modo de ver que conduz a elaboração de uma certa teoria que não é única concebida em seu método, é olhar a realidade do avesso e ver o tempo de uma forma diferente do que ele se apresenta a nós. É a unidade de luta dos opostos onde a existência está destinada a deixar de existir carregando consigo a negação, ou seja, o ser é não-ser, e toda realidade não é única, pois supõem coexistência de elementos que estão em oposição.

Imagens inéditas de 11 de Setembro

Nove anos depois veículos de informação ainda divulgam imagens de 11 de Setembro de 2001. A.polícia de Nova Iorque divulgou impressionantes tomadas aéreas mostrando a destruição do WTC americano, enormes nuvens de fumaça em meio aos edifícios na Ilha de Manhattan. Homenagens são prestadas no dia de hoje em todo o mundo, especialmente nos Estados Unidos das Américas.

DailyMail




O discurso do aquecimento global

Cada vez mais países se reunem para discutir as mudanças climáticas. Verdadeiros desastres são pregados pelos relatórios do IPCC, aquecimento global, derretimento de geleiras, aumento nos níveis dos oceanos. Mas o que há de fato por trás desse levante? Qual a parcela de culpa dos países ditos desenvolvidos e dos subdesenvolvidos, ou do Norte e do Sul como preferem muitos?

O que se sabe é que o mundo já foi muito mais quente do que é hoje e também muito mais frio e essas mudanças não apenas foram em função de mais ou menos carbono lançado na atmosfera, mas também em função de variações no posicionamento dos continentes ocasionado pela deriva continental, a dança dos continentes pregada por Wegener. Basta olharmos as projeções das terras emersas para vermos que o Brasil, há 300 milhões de anos, passara por glaciação, fato esse provado pelo trabalho de erosão glacial presentes nos varvitos de Itu, em São Paulo.

A história da Terra vem acompanhada dos fenômenos climáticos já conhecidos, efeito estufa e chuva ácida, não são fatos recentes e nem foi a ação humana responsável. A paisagem inicial, de bilhões de anos, já sugeria uma Terra tomada pelos poluentes emitidos pelos vulcões, calor e, posteriormente, a chuva de milhões de anos que limpou a atmosfera e estocou nos mares e oceanos milhões de toneladas de carbono.

Por trás do grande marketing do aquecimento global há interesses econômicos e financeiros, e sob meu ponto de vista, o principal deles é frear a emergência de países subdesenvolvidos no cenário mundial. Tal prática pode ser vista nos textos onde apontam como grande perturbadores do meio ambiente países pobres, pois têm o desenvolvimento baseado no uso dos seus recursos naturais e poluição do meio, assim como aconteceu na Europa, grande destruidora de suas florestas no passado. Tal fato é tão verdade que o próprio Estados Unidos das Américas se recusam a compartilharem das reduções nas emissões globais, pois isso frearia a economia do país, um dos mais industrializados do mundo.

O fato é que o grande problema vivenciado não é o aquecimento global, e sim, a escassez de recursos naturais como a água, e principalmente recursos não-renováveis, retirados da natureza sem chances de reposição, como o petróleo, daí o montante de pesquisas empenhadas em descobrir substitutos, não porque é um poluente, pois se fosse isso o Brasil jamais iria buscar petróleo nas profundezas, na camada pré-sal, mas porque o recurso tem prazo. A velha teoria Malthusiana vem a tona e confirma que no ritmo de crescimento e uso dos recursos que o mundo, ou parte dele alcançou, somente nossa Terra seria pouco para garantir a sobrevivência.

Só há redução se há um freio na produção, pois mesmo que haja trocas que facilitem uma produção mais limpa, pesquisas e investimentos, tecnologias, o excesso de produção demanda o uso de muitos recursos naturais, sendo assim ainda vai haver uma destruição do meio natural em busca desses recursos, um ciclo vicioso, o meio ambiente é preservado de um lado, mas têm os seus recursos saqueados do outro e os grandes saqueadores desses recursos são os países desenvolvidos, pois dependem das exportações mundiais de minérios, entre outros produtos primários provenientes dos países em desenvolvimento, daí a ideia da República das Bananas, como são conhecidos os países da América Central, por serem grandes exportadores de produtos primários, o Brasil não escapa a essa ótica já que é um grande exportador de minérios.

Esse saque e uso de recursos vem acompanhado pela destruição do meio ambiente, florestas, águas, rios, solos. A produção mundial de primários requer intenso uso do solo e da água para irrigação e o destino final dessa produção é o trio EUA-Europa-Ásia (China). Os países em desenvolvimento além de pouco ganharem com as exportações primárias onde não há empenho nenhum em tecnologia, pois se houvesse a venda seria mais cara, contribuem para a poluição de seus recursos naturais.

O Brasil é um dos maiores exemplos de poluição e desgastes dos recursos em detrimento dos países ricos, pois destrói seus solos e utiliza suas águas na plantação de soja, por exemplo, que será exportada para a China, um dos maiores produtores do mundo de carne bovina cuja alimentação do seu gado é feita com a soja brasileira. De quebra, essa dependência de vendas em relação ao mercado externo cria um grande monopólio de terras por aqui, muitos hectares nas mãos de poucos e que dizem respeito aos latifúndios, a produção mecanizada e monocultora, seja para a produção de soja, seja para a produção da cana, um dos maiores empecilhos, hoje, para que tenhamos uma distribuição de terras justa, uma reforma agrária.

O trabalho de erosão glacial evidenciado nos varvitos no Parque do Varvito em Itu-SP

Atividades que mais demandam água no planeta


Leia também:

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Para conhecer o Parque Estadual de Campos do Jordão - PECJ

O Parque Estadual de Campos do Jordão (PECJ), nos limites entre São Paulo e Minas Gerais abriga importantes espécies de fauna silvestre e de vegetação. A localização do parque, nas altitudes da Serra da Mantiqueira favorece o clima frio e dá importância a Campos como cidade turística. Nas dependências do parque são encontradas impressionantes nascentes de água limpa e cristalina. A paisagem contrasta entre as enormes araucárias, árvore comum da região sul do país, campos de altitude, de vegetação herbáceas e espécies exóticas comuns de países de clima frio. Fotos por Gomes, 2010.

Cidade de Campos do Jordão





Hoteis em Campos


Teleféricos



Espécies exóticas

Cantina do parque

À frente, espécies em extinção de xaxim

Bicicletário




As dependências do parque possuem sanitários e lavatórios

Clima peculiar de Campos do Jordão

Araucária (Araucaria angustifolia), a espécie é a principal razão da criação do parque

Xaxim, outra espécie mais do que ameaçada

Águas claras desfilam em corredeiras pelo parque



Bosque de espécies exóticas e águas límpidas

O clima frio de Campos do Jordão é a principal atração da cidade

O quati é um dos animais silvestres encontrados no parque


domingo, 16 de maio de 2010

Vazamento de óleo sem precedentes põe em risco o domínio dos marismas no golfo do México

Apesar do nível técnico alcançado nos dias atuais na exploração, captação, logística, comércio e armazenamento do petróleo e seus derivados, há sempre riscos de acidentes e que envolvem o maior dos ecossistemas que é o ambiente marinho, não só porque ali vivem milhares de espécies sendo que todo o animal terrestre tem um exemplar marinho, mas porque também o mar representa uma importantíssima fonte de alimentação para as demais espécies, principalmente aves. O derramamento de óleo no Golfo do México está pondo em risco o fragilíssimo ecossistema dos marismas presentes nas zonas costeiras da região, já é o maior da história, principalmente pela falta de controle da saída do óleo das profundidades e também pela falta de contenção, de barreiras para se evitar uma tragédia ambiental facilmente observadas em imagens de satélites.

Uma das características do Golfo do México é o domínio dos marismas (salt marshes), presentes nos estuários, no contato entre a terra e o mar, entre a água doce e salgada e em regiões onde a temperatura do ar é mais baixa. A característica principal é a área periodicamente alagada e recoberta por plantas herbáceas e que estão adaptadas a salinidade do mar, muito semelhante ao mangue brasileiro sendo uma das diferenças a ausência de árvores. No Brasil estão presentes nas baias de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Entre as espécies vegetais há a presença de samambaias, briófitas e algas e espécies animais de aves e crustáceos.

Marismas e mangues são regiões frágeis por natureza, a própria localização já coloca os domínios em risco quando o assunto é vazamento de óleo, pois além de abrigarem enorme biodiversidade são regiões berçário e de fonte de alimentação, ali ocorrem o nascimento de muitas espécies além da alimentação que é riquíssima, pois o lodo formado apresenta importantes nutrientes. O desastre coloca em risco a cadeia alimentar, pois os vegetais absorvem a contaminação e secam virando sedimentos, pequenos animais consumidores primários ingerem esse sedimento e os consumidores secundários como as aves se alimentam desses pequenos animais. O tempo de recuperação de um ecossistema é longo, quanto mais frágil, mais há dificuldade de se recuperar. Sem falar que a fragilidade natural impede que o marisma seja completamente limpo.

Muitas críticas têm sido feitas à exploração do petróleo, mas a sociedade precisa lembrar que muitos dos sub produtos do petróleo ainda não possuem substitutos, há estudos efetivos, mas nada em larga escala e que seja viável economicamente. Claro que seria melhor que não houvesse o uso de tais materiais, mas no atual nível em que chegamos, pelo menos até a descoberta de substitutos, ainda faremos uso do petróleo e derivados. Novos plásticos são estudados visando a redução no tempo que levam para a decomposição total, assim como já há combustíveis sendo fabricados a partir de outros materiais, esses uns dos maiores usos do petróleo atualmente.

No momento as ações se devem em torno da contenção de barreiras e ações em torno do fechamento das válvulas que liberam o óleo para o mar, além da movimentação em torno da proteção desse ecossistema e de qualquer outro que possa receber a contaminação direta e indireta. Agora é a hora dos americanos demonstrarem que também destinam bilhões de dólares à proteção do meio ambiente e não somente à fabricação de armamentos pesados.

ONG Matter of Trust coleta cabelos e fibras para a contenção do vazamento no Golfo do México

Diferente das outras ONG´s que diretamente trabalham com a preservação e recuperação de áreas degradadas e das espécies, a ONG Matter of Trust trabalha com a coleta, armazenamento e aplicação dos cabelos e sintéticos como lã e nylon na contenção de vazamento de óleo, fazem parte de seus armazéns toneladas de cabelos doados por salões de todo o mundo, além de fibras e lãs. A campanha da ONG nesse momento é em busca das doações em todo o mundo destinadando o uso ao gigantesco vazamento no Golfo do México que ameaça os ecossistemas locais.

Leituras recomendadas
Radarsat capta imagens do derramanento de óleo no Golfo do México

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A geografia serve, antes de mais nada, para fazer a guerra?

A geografia como forma de dominação, segundo Ratzel e Lacoste

Na concepção de Yves Lacoste, sim, ela serve, isso porque em sua visão os saberes geográficos são enciclopedistas, ou seja, um conjunto de "decorebas" pregados pela geografia escolar e que são diferentes da geografia que postulou como geografia fundamental, uma geografia pautada no conhecimento cartográfico do universo, uma geografia anterior e que hoje está fragmentada pela possibilidade do ensino da cartografia, ao qual essa mesma geografia escolar possui pouco conhecimento.

Os geopolíticos usaram os saberes geográficos de outros Estados para pensar estratégias de dominação de territórios em virtude da captação de espaços e também de recursos em uma época onde se pregava a competição e a europeização do mundo, e não a toa o mundo viveu duas grandes guerras que devastaram a Europa e posteriormente colocariam o mundo sob uma ordem bipolar trazendo a liderança norte-americana e soviética e dividindo a Europa entre as economias capitalistas e socialistas.

Friedrich Ratzel já pregava a existência de um Estado apenas se houvesse território passível de trabalho. Um território com muitos recursos e pouca população estaria fadado a ser dominado por Estados maiores e mais potentes, dotados de alguma técnica possível, e em busca de maiores recursos ou simplesmente de espaço como descreveu na equação do espaço vital. Assim como Lacoste enxergou um dia, os saberes geográficos alheios eram uma forma de dominação de território, e embora não usasse essa expressão, muitos consideram seus trabalhos sobre território como um manual de guerra em vistas da dominação, e que um dia foi seguido por Adolf Hitler, entre outros ditadores.

Posterior a Ratzel, Lacoste concorda que se a geografia é para ser usada como forma enciclopédica como é pregada pela geografia escolar, antes de mais ela serve para fazer a guerra, para que os geopolíticos usem os saberes conhecidos dentro da geografia política para dominar territórios alheios, seja em busca de recursos, seja em busca da ampliação de seus espaços, como um dia Hitler fez a grande nação alemã pensar em seu pequeno território.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Processos erosivos no espaço-tempo: definições

Os processos erosivos têm uma escala temporal para suas ações, indo de milhares de anos quando relacionados aos fatores de evolução do relevo, ou décadas e anos quando são relacionados ao esgotamento do solo que vai perdendo seus elementos. Podemos também citar o homem como um grande influenciador e até sendo considerado agente erosivo.

Horton e Ellinson, com seus trabalhos, apresentaram os processos erosivos, estes relacionados a uma erosão hídrica e parte superior das vertentes. Então esta erosão pode ser por salpicamento, quando as gotas das chuvas entram em contato com o solo, pode ser laminar, quando há erosão pelos transportes de sedimentos e ação dos fluxos em lençol, ou processos erosivos em ravinas, onde os fluxos concentrados erodem e transportam os sedimentos. Mas também, a degradação ou evolução dos solos, segundo Dunne e Burt e Cabtree e Fielder, podem ser no interior do solo, ou subsuperficiais.

Em encostas, a erosão se dá por processos de destacamento e transporte de sedimentos. O destacamento trata do saltamento das gotas de chuva no solo que arremessa as partículas e varia de acordo com a resistência deste solo e a presença da cobertura vegetal, esta retém parte das chuvas e evita o salpicamento das gotas já que absorve o impacto. Este processo é maior quando há intensa declividade e depende da quantidade de chuva e diâmetro das gotas. Segundo Ellinson, a quantidade de chuva pode movimentar mais ou menos sedimentos.

Segundo Lall, o ato do solo secar e receber chuvas em pouco intervalo de tempo, sem uma devida cobertura orgânica, faz com que se crie uma crosta impedindo a infiltração da água, deteriorando sua estrutura e resistência. Embora esta erosão ocorra antes da formação da crosta pelo destacamento e transportes dos sedimentos, pesquisadores definem como importante na evolução dos processos erosivos, principalmente porque impermeabiliza a parte superior do solo formando fluxos superficiais.

A formação da crosta vai depender da quantidade de argila presente no solo onde provoca uma cimentação, ou da selagem, processo onde o solo tem seus poros entupidos pelas partículas destacadas. O processo de selagem está ligado à fase em que o solo recebe intensa irrigação ou quantidade de chuva, enquanto que a crosta refere-se ao processo de ressecamento do solo.
A agricultura é responsável por altas taxas de erosão, principalmente pelo curto espaço de tempo em que há o cultivo, uma escala anual. O solo fica exposto, sem cobertura vegetal, por muito tempo até seguir as etapas de plantação. Coincidem também, os períodos chuvosos que são muitos no Brasil e intensificam o processo no solo exposto.

A erosão no lençol diz respeito à água infiltrada no solo, onde há um escoamento superficial quando a capacidade de das precipitações é maior que o de infiltração. A erosão é definida pelo volume de água e pelo efeito abrasivo das partículas carregadas na superfície. Mas a infiltração vai depender do solo, sua estrutura, tamanho, espessura, profundidade. Em áreas agrícolas, o solo tende a ser mais compactado, então a infiltração é menor. Mas as taxas variam de acordo com o tipo de plantação e de solo.

A erosão em ravinas trata de rupturas no solo, sulcos, em declive, e ocorre onde há solos expostos, sem a cobertura vegetal. O escoamento da água dá-se em forma de fileiras e vai ocorrer de acordo com a extensão da encosta, já que aumenta com a declividade tornando a água mais veloz e erodindo carregando os sedimentos.

A voçoroca envolve a ação de águas superficiais e subterrâneas, mas é a superficial que responde pela proporção da voçoroca, fluxos de linhas ou faixas bem extensas nas paredes de um terreno, tipo de ravinamento, mas se diferenciando pela extensão. Geralmente surgem após cortes na estrada, onde há exposição do solo e áreas onde há mineração, bem extensas, e também, abaixo das estradas pelo despejamento de água da chuva. Podem ocorrer após deslizamentos de terra após um corte em um terreno para abertura de uma estrada e pelos fluxos de água em dutos nos interior do solo com poucos milímetros. Esses dutos se desenvolvem entre camadas do solo, onde há permeabilidades diferentes. Se atingirem grandes proporções, podem provocar afundamento do solo e por conseqüência, a voçoroca. Isto ocorre com mais intensidade em solos do Paraná e solos formados sobre arenitos, visto que estes oferecem pouca resistência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A.P. Faria. Os processos erosivos e as suas variações nas escalas temporal e espacial: revisão e análise. Rio de Janeiro: IBGE, Ver. Brasil, 1996, p. 37 a 54.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Briga por atribuição de aulas prejudica a educação de SP

Continua a briga pela atribuição de aulas no Estado de São Paulo. Desde o ano de 2009 quando o governo autorizou o processo seletivo para professores sem concursos e estudantes das licenciaturas onde somente aqueles que acertassem mais da metade da prova teriam direito a dar aulas, há uma intensa briga entre o sindicato dos professores e a Secretaria de Educação. Segundo os critérios há duas listas de convocados sendo a primeira para aqueles que passaram na prova e a segunda para aqueles que não atingiram a pontuação, sendo assim, até estudantes e bachareis conseguiriam dar aulas desde que obtivessem pontuação no processo seletivo e esse é o atual motivo para que o sindicato dos professores busquem a anulação de muitas atribuições já ocorridas desde o dia 08 de fevereiro já que a lei julga correto apenas atribuir aulas aos formados, ou seja, aos portadores de diploma.

Acontece que muitos estão vendo a lei como passível de interpretações, há quem encare a lei válida apenas para os concursados o que daria direitos aos estudantes futuros professores de ingressarem nas atribuições por não estarem enquadrados na lei assim como bachareis e portadores de licenciatura curta. Mas alguns encaram como habilitados todos aqueles que possuam diploma e criticam a participação dos demais candidatos sem o devido término dos estudos. Dentro dessa categoria encontra-se o juiz que ordenou que os portadores de diploma que não foram habilitados na prova tenham preferência antes dos estudantes na atribuição de aulas, decisão muito criticada pelo secretário da educação e pelo governador do Estado e que pode acarretar na devolução das aulas já concebidas aos estudantes.

O fato é que estão deixando de fora uma discussão que não diz respeito a portabilidade de diploma, e sim, ao nível dos candidatos que vão lecionar nas escolas estaduais. Pode ser que seja errado atribuir uma sala a um professor que ainda está estudando, mas mais errado ainda é atribuir aulas a um sujeito sem qualificação o que pioraria a qualidade já péssima da educação no Estado. E é pelo direito desse profissional não qualificado que Apeoesp tem brigado na justiça, para que eles independente da nota que obtiveram tenham o direito às aulas na frente de estudantes, bachareis e portadores de licenciatura curta, fácil conferir no site do sindicato.

A Apeoesp deu um tiro no pé quando resolveu entrar na justiça para intervir contra estudantes de licenciaturas, o sindicato que se diz a favor dos professores a todo o momento criticou as preferências aos estudantes criando uma barreira para que no futuro esses profissionais possam se associar. A ação da entidade foi muito criticada por alunos nas diretorias de ensino em algumas delas barrando a entrada dos capacitados na prova e aconselhando que professores não capacitados dessem entrada na justiça para requerer aulas de estudantes baseado no fato dos mesmos não possuirem diploma e estarem contrariando o que manda a Lei de Diretrizes e Bases.

Com todos os mandatos e brigas o início do ano letivo em 2010 pode estar comprometido. A briga continua entre Apeoesp, professores, Estado e Secretaria da Educação. Esperamos que vença aqueles que melhor proporcionarem educação de qualidade aos alunos das escolas estaduais. Estudantes ou não o certo é que a Secretaria de Educação precisa atribuir as aulas aos qualificados e barrar a entrada de péssimos profissionais nas escolas públicas do Estado mesmo que para isso seja preciso mudar a lei e suas interpretações.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Fisiologia da Paisagem: algumas definições

Fisiologia – parte da biologia que investiga as funções orgânicas e processos ou atividades vitais.
Paisagem – espaço do terreno que se abrange num lance de vista. Pintura, gravura ou desenho que representa uma paisagem.

Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

A palavra paisagem tem significado geográfico, pois paisagem é o espaço e o espaço é o objeto de estudo nos campos da geografia, é discuti-lo, assim como as relações espaciais. A palavra fisiologia, mesmo o dicionário indicando como parte da biologia, tem significado geográfico, pois fala em processos vitais, de vida, e que também é do campo de estudo da geografia.

A expressão “Fisiologia da Paisagem não existe no dicionário, pois o dicionário apresenta apenas palavras e mesmo na definição de fisiologia e de paisagem, a expressão fisiologia da paisagem não aparece.

Em termos geográficos, pode-se definir Fisiologia da Paisagem como o estudo de um espaço qualquer visto, observando-se as dinâmicas, as interações, relações ocorridas entre a natureza e a ação do homem. É a integração entre os objetos naturais e mais a relação espacial do homem com o lugar, pois em cada espaço há uma dinâmica e que precisa ser estudada para a definição desse espaço. A Fisiologia da Paisagem não deve ser definida apenas como um espaço natural, pois deve considerar elementos humanos contidos na paisagem, pois o homem é um grande transformador da paisagem.

A Fisiologia da Paisagem é designada para uma disciplina do curso de geografia porque discutir o espaço é o objeto de estudo da geografia, discutir as relações existentes ali, alterações, transformações, não só as de ordens naturais, mas as transformações que passam também pela mão do homem e que tornam aquele espaço único.

Paisagem, analisando definições de Bertrand e Saramago

A Paisagem pode ser definida de várias formas. Ao senso comum nada mais é que uma vista natural. Diversos autores definem paisagem segundo as suas concepções e em geografia pode ser definida como um espaço qualquer dotado de elementos naturais e humanos.

Bertrand aborda uma problemática na definição da expressão paisagem. Segundo ele, não há uma definição exata de paisagem e há ainda o fato de ela ser pouco utilizada ou utilizada de qualquer forma. Aponta ainda que a palavra paisagem é trocada pela palavra “meio”, onde segundo a definição do dicionário, a palavra meio expressa muito mais um ambiente geográfico do que a própria palavra paisagem pode definir.

Bertrand faz uma crítica ao fato de não haver o domínio das ciências, além de haver poucas pesquisas sobre o termo paisagem. Aponta também que a climatologia não possui uma definição exata. Ele alerta para um erro comum que é o de definir paisagem apenas como elementos da natureza, apenas natural, não incluindo as ações humanas que estão contidas na paisagem. Define paisagem como um espaço determinado combinando elementos físicos, biológicos e antrópicos, ou seja, uma dinâmica entre esses três elementos que vão resultar em um conjunto único e indissociável definindo as características desse espaço.

Algumas considerações sobre a obra Levantando do chão do autor José Saramago, romancista português, aponta a quantidade de paisagens que existem na terra, mesmo que com pouca ou muitas cores e de várias formas. Diz que paisagem é anterior ao homem e é muito diversificada, tem paisagem de todo tipo e alterações corriqueiras na natureza como troca de cores, de climas, calor, frio. Fala um pouco dos processos ocorridos quando há a morte de animais, o cheiro, a decomposição, os ossos, a ação da natureza sobre a carcaça, chuva, a ação do vento, do sol e da chuva. Fala também sobre os motivos que levam o homem a morrer, ou fome, ou doença, ou calor, ou frio, não exposto como os animais, mas com o mesmo fim. Saramago cita a ocupação humana depois da paisagem, uma redução no tamanho, o latifúndio, o uso da enxada, o arado, os senhores, o reino, o uso da terra.

Há relação entre os textos, pois ambos tratam de paisagem, mesmo que em maneiras diferenciadas, com elementos naturais e elementos humanos. O texto de Saramago inicia descrevendo a diversificação de paisagens e citando cores e formas, também os processos que ocorrem na natureza como a decomposição de animais mortos e a ação do sol, vento e chuva. No inicio, a definição de paisagem é de uma paisagem natural, no desenrolar do texto, Saramago acrescenta elementos típicos humanos e que vão alterando a paisagem inicial como, a diminuição da terra, a criação de latifúndios, o trabalho da enxada e o arado, a modificação da paisagem. Já o texto de Bertrand também fala de paisagem e praticamente define como um espaço em que há elementos naturais, físicos e biológicos, e os elementos humanos que alteraram essa paisagem e juntos vão caracterizar o lugar como único. Saramago descreve paisagem ao longo do texto e acrescenta a transformação da paisagem pela ação humana e Bertrand, embora não cite quais ações humanas são transformadoras da paisagem, é mais definidor da palavra paisagem e alerta para o fato de que ela não pode ser considerada apenas a imagem da natureza, tem que se observar elementos antrópicos que alteraram essa paisagem.

O texto de Saramago descreve o conteúdo de uma paisagem enquanto que o texto de Bertrand define o que é paisagem, com elementos naturais e humanos, diferentemente do dicionário que não tem sentido geográfico (espaço de terreno que se abrange num lance de vista. Minidicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001). O dicionário apenas descreve a palavra paisagem como o ato de olhar um local, mas não cita o que podemos observar nessa paisagem. Já a palavra fisiologia, segundo o dicionário, é parte da biologia que investiga as funções orgânicas e os processos ou atividades vitais. Nesse contexto, o texto de Saramago tem semelhança com o dicionário, pois aponta alguns processos como a morte de animais e do homem, a ação de elementos da natureza sobre eles. O texto de Bertrand também possui semelhança com a definição do dicionário, pois aponta processos físicos e biológicos como parte, elementos contidos na paisagem.

Referências Bibliográficas

BERTRAND, G. Paisagem e Geografia Física Global: esboço metodológico. Caderno de Ciências da Terra13. Instituto de Geografia-USP. São paulo, 1971.

SARAMAGO, José. Levantando do Chão. 3° edi - Lisboa: Caminho, 1982.

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